CONFIANÇA INTERPESSOAL: UM ATRIBUTO IMPORTANTE OU ESSENCIAL PARA LÍDERES TRANSFORMACIONAIS?

Autor(a):
Cassiano Ferreira Novo, Josilayne Camila Zany Lima

Publicação:

Em Perspectiva: Revista de Administração da Faculdade Dom Bosco, Curitiba, PR , v.2, n.1, jul./dez. 2009.

 

 

O contexto contemporâneo das organizações revela situações confusas, rodeadas de incertezas e futuro desconhecido. As organizações necessitam de adaptações e constantes transformações para crescer ou sobreviver. Precisam também estabelecer um campo integrado entre informações, capacidade de produção de conhecimento e desenvolvimento de competências, processos e pessoas, proporcionando situações de aperfeiçoamento contínuo que possibilitem às organizações melhor enfrentamento das adversidades de mercado. Tais aprendizagens e a capacidade criativa dão suporte a tomadas de decisão eficazes frente a esse contexto altamente competitivo.

O crescimento organizacional depende de adequada gestão de competências do seu capital humano. Os colaboradores devem possuir entre si uma interdependência dessas competências, característica essencial para o sucesso organizacional, numa interação de influência recíproca frente às necessidades do capital humano, da organização e do mercado.

A influência interpessoal foi objeto de estudo do psicólogo social Kurt Lewin (1939–1946), que pesquisou estilos de liderança, processos de influência interpessoal e seus efeitos sobre os colaboradores, e também aspectos de personalidade do líder. Posteriormente, em 1961, os estilos de liderança foram desenvolvidos por Rensis Likert no seu best seller New Patterns of Management.

 

A liderança como objeto de estudo nas organizações possui várias perspectivas, na maioria das vezes complementares: como atributo e característica de personalidade do líder, com John Bearden e Max Weber; abordagens comportamentais com destaque para caminho-meta (House, 1971 apud Bowditch 2004, p. 127) e líder-membro – Ligação Diática Vertical (Liden & Graen, 1980); contingenciais com destaque para o Ciclo Vital de Hersey e Blanchard (1977) e a Teoria de Fiedler (1981); o modelo normativo de tomada de decisão desenvolvido por Vroom e Yetton (1973) e melhorado por Vroom e Jago (1988); posteriormente, nos anos de 1980, destaque principal para a retomada da teoria carismática (Conger, 1991, p. 72.), e o início da transacional e transformacional (Burns, 1979).

 

Um dos fatores que diferencia as duas últimas é o líder orientado por valores, característica descrita por Bowditch (2004, p. 127) como comportamento congruente. Essa congruência ilustra uma coerência entre o discurso do líder e seu comportamento. Gera maior confiança interpessoal, pois reflete previsibilidade do comportamento do líder por seus liderados. A coerência em seu comportamento auxilia a aquisição de comportamentos nos liderados, pois o líder transformacional possui outra característica fundamental, descrita também por Bowditch (2004, p. 127), que é a busca de aprendizagem contínua para si e seus liderados.

Nessas pesquisas organizacionais abordando a liderança transformacional, um indicador de destaque é a confiança, objeto almejado em inúmeras pesquisas organizacionais atuais sobre os processos de liderança, que possui abordagens diferentes e também complementares. Dentro delas existem perspectivas como um atributo de personalidade do líder e liderado que contribuem com a confiança interpessoal, a relação de vínculo entre líder e liderados, construída por atitudes de confiança e expectativas recíprocas. Confiança esta que possui difícil desenvolvimento, fácil perda de força e complexo caminho de resgate nos contextos contemporâneos de mercado, processos e pessoas envolvidas.

 

Não existe uma definição consensual sobre confiança. Há duas abordagens: indivíduo, grupo e organização e entre organizações – ambas dentro de um contexto transacional, de relações de troca, negociação e persuasão.

 

Os processos de influência interpessoal têm como uma espécie de termômetro a confiança, cuja função se define ou como uma relação superficial e transacional ou como uma relação legítima, autêntica e carismática, característica também do líder transformacional. A carismática desenvolve atitudes e comportamentos de reciprocidade nas relações interpessoais dentro da organização. Essa reciprocidade, conceituada por Jean Piaget (apud Minicucci, 2002, p. 43), como “capacidade de compreender pontos de vista dos outros e adaptar sua participação na contribuição verbal à deles”, gera compartilhamento de conhecimentos e competências, estabelecendo relação de interdependência frente aos objetivos organizacionais e alcance dos resultados.

 

A liderança transformacional possui o poder de gerar comportamentos de espontaneidade e criatividade, integrar equipes e gerar relações de interdependência e reciprocidade, esta última voltada ao coletivo. Essas consequências dependem, em parte, da estrutura de confiança nas relações de influência interpessoal. Desenvolvem um clima social de ajuda mútua, possibilitando fortalecimento das competências compartilhadas do capital humano dessas organizações. Isso também ajuda em melhores tomadas de decisão e capacidade criativa. Estas últimas são estratégias atuais das organizações para o enfrentamento das condições adversas do contexto atual das mesmas.

 

Mas que relação se pode estabelecer sobre a confiança e a liderança transacional e transformacional? O que possuem de categorias semelhantes e divergentes? O que é confiança e qual seu espaço nas pesquisas científicas organizacionais atualmente? Qual é a importância da confiança no desenvolvimento de um líder transformacional e seus efeitos nas pessoas, equipes, organizações e no mercado de trabalho? Que percepções seus liderados possuem sobre essa característica do líder?

 

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BERGAMINI, Cecília W. O líder eficaz. São Paulo: Atlas, 2002.

 

BITENCOURT, Claudia. Gestão contemporânea de pessoas. Porto Alegre: Bookman, 2004.

 

BOWDITC, James L. Elementos de comportamento organizacional. São Paulo: Thomson, 2004.

 

CONGER, Jay A. Líder carismático: o segredo da liderança. São Paulo: Makron Books, 1991.

 

COVEY, Stephen R. Liderança baseada em princípios. Rio de Janeiro: Campus, 1994.

 

DRUMMOND, Virgínia Souza. Confiança e liderança nas organizações. São Paulo: Thompson Lerning Edições, 2007.

 

GOLDSMITH, M. Indagar, aprender, acompanhar e crescer. In: PETER F. DRUCKER FOUNDATION (org.). O líder do futuro: visão, estratégias e práticas para uma nova era. 5. ed. São Paulo: Futura, 1996.

 

GRUBER, L. S. Liderança – habilidades e características do líder numa organização bancária: um estudo de caso. Curitiba, 2001. Dissertação de Mestrado.

 

HERSEY, Paul; BLANCHARD, Keneth H. Psicologia para administradores de empresas. 2. ed. São Paulo: Futura, 1999.

 

KOTTER, J. P. Liderando mudança. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

 

LIDEN, R. C.; & GRAEN, G. Generalizability of vertical dyad linkage model of leadership. Academy of Management Journal, 23(3), 451. (1980).

 

MINICUCCI, A. Dinâmica de grupos. Teorias e sistemas. São Paulo: Atlas, 2002.

 

ROMERO, Sonia Mara Thater; MURILLO, Ana Paula Cavalheiro. Liderança transformacional: uma análise do cargo de coordenador em uma instituição de ensino superior. Opinião, n. 18, jan./jun. 2007. Disponível em: . Acesso em: 10 fev. 2009.

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