VARIÁVEIS QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE ENSINAR COMPORTAMENTOS SEGUROS NO TRABALHO

Autor(a):
Juliana Zilli Bley

Publicação:

RESUMO – A capacitação de trabalhadores para atuar de forma segura ao realizar suas atividades por meio de treinamentos, palestras, reuniões pode ser importante aliada dos processos conscientização para a prevenção de acidentes de trabalho. O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de examinar as condições por meio das quais são planejados e realizados eventos educativos de segurança e identificar as variáveis que caracterizam o processo de ensinar comportamentos seguros no trabalho. Para isto foram estudados três tipos de eventos (treinamento de integração, treinamento de comportamentos seguros e reuniões de segurança) oferecidos por duas empresas consideradas como sendo de “alto risco” e pertencentes ao ramo metalúrgico, situadas na Região Metropolitana de uma cidade de grande porte do Estado do Paraná. Tais tipos foram escolhidos em função de seus programas apresentarem como objetivo de ensino “comportamentos seguros no trabalho”. O método consistiu no exame de documentos relacionados com a gestão de segurança, na realização de observação direta dos três tipos eventos escolhidos e na realização de entrevistas com cinco instrutores que ministraram os eventos observados e vinte participantes dos eventos observados escolhidos em função da natureza da atividade desenvolvida (operação e manutenção).

 

Os dados coletados permitiram examinar os aspectos considerados no planejamento e na realização do ensino, as percepções dos funcionários sobre condições de segurança do seu trabalho e de aprendizagem de comportamentos seguros no trabalho e os tipos de concepções de instrutores e funcionários sobre o conceito. Como resultados constatou-se que a formação insuficiente dos instrutores para atuarem como “agentes de ensino” pode refletir negativamente na escolha dos métodos de ensino, dos temas e exemplos apresentados e na avaliação da aprendizagem dos participantes. Os resultados também permitem inferir que, apesar do alto nível de informações que os funcionários possuem sobre prevenção de acidentes, eles se percebem como pouco capazes de agir sobre os riscos das atividades que desenvolvem. Por fim, os dados indicam significativa diferença entre aquilo que instrutores e funcionários entendem por “comportamento seguro”, o que reitera a existência de lacunas no sistema de ensino-aprendizagem utilizado para capacitar trabalhadores a comportarem-se de forma segura durante a realização das atividades reduzindo os riscos de ocorrência de acidentes de trabalho. As decorrências de tais constatações dizem respeito à formação de instrutores de treinamento, ao desenvolvimento de métodos de ensino condizentes com a realidade de segurança da organização na qual ocorrerá o evento, às diretrizes de capacitação e campanhas de conscientização em segurança propostas pelas empresas, àquilo que empresas, trabalhadores e profissionais da segurança no trabalho têm conceituado como “comportamentos seguros no trabalho” e, por fim, à própria atuação do psicólogo no campo da segurança no trabalho.

 

Palavras-chave

 

Prevenção de acidentes de trabalho, programação de condições de ensino, competências para a segurança no trabalho.

 

Estudo produzido para obtenção do título de Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob a orientação da Profa. Dra.Olga Mitsue Kubo na Linha de Pesquisa “Processos organizacionais, trabalho e aprendizagem”.

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