A Natureza Humana como propulsora de comportamentos de risco.
A natureza humana é intrinsecamente propensa a assumir riscos. Desde os primórdios da civilização, os seres humanos têm buscado expandir seus limites, explorar territórios desconhecidos e buscar novas experiências. Essa propensão para a aventura e o desconhecido muitas vezes se manifesta no ambiente de trabalho, onde os colaboradores podem se sentir tentados a assumir riscos em busca de desafios ou recompensas.
Além disso, a identidade cultural desempenha um papel significativo na formação dos comportamentos de risco. As normas culturais e os valores compartilhados em uma organização ou comunidade podem influenciar a percepção de risco dos indivíduos e moldar suas decisões. Em algumas culturas, por exemplo, a valorização da coragem e da audácia pode levar a uma maior tolerância ao risco, enquanto em outras, a ênfase na segurança e na conformidade pode desencorajar comportamentos arriscados.
Incertezas: que atitude deve ser tomada?
A incerteza é outro fator que pode contribuir para os comportamentos de risco. Quando os colaboradores se deparam com situações ambíguas ou desconhecidas, podem ser levados a agir de maneiras que aumentem sua sensação de controle ou reduzam sua ansiedade, mesmo que isso envolva assumir riscos desnecessários. O desafio para a segurança do trabalho é que, mesmo na incerteza, adota-se um comportamento de risco e se tudo der certo traz uma sensação de ganho.
Por fim, o contexto de “ver e não agir, permitir” desempenha um papel crucial na perpetuação dos comportamentos de risco. Se os colaboradores testemunham outros realizando atividades arriscadas sem consequências negativas, podem ser influenciados a seguir o exemplo, especialmente se perceberem um benefício percebido em assumir esses riscos. E, pior, quando não há a abordagem para parar, gera na equipe uma sensação de que o comportamento de risco é permitido.
Compreender esses quatro fatores – natureza humana, identidade cultural, incerteza e contexto de ver e não agir – é fundamental para desenvolver estratégias eficazes de prevenção de acidentes e promover uma cultura de segurança no local de trabalho. Ao reconhecer e abordar esses elementos, as organizações podem criar ambientes que incentivem comportamentos seguros e reduzam os riscos associados ao trabalho.
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Modelo do queijo suíço
No contexto da Investigação e Análise de Ocorrências (IAO), a compreensão do Modelo do Queijo Suíço, proposto por James Reason, desempenha um papel fundamental. Essa abordagem não apenas nos oferece uma estrutura para analisar incidentes, mas também nos permite entender mais profundamente as causas subjacentes a esses eventos. A ideia central do modelo é a de que cada situação perigosa possui várias camadas de barreiras e salvaguardas, representadas pelas fatias de queijo suíço. Quando um evento adverso ocorre, o foco não deve estar em quem cometeu o erro, mas sim em como e por que as barreiras falharam. Vamos explorar mais detalhadamente esse modelo e sua aplicação na investigação e análise de ocorrências.
“A ideia central é a dos sistemas de defesa agindo, ou seja, toda situação perigosa possui barreiras e salvaguardas, e quando um evento adverso ocorre o importante não é quem cometeu o erro, mas sim como e porque as barreiras falharam.” – James Reason
Por meio dessa analogia, percebemos que o sistema de segurança de uma organização é como um queijo suíço, com várias camadas de barreiras que visam proteger contra eventos adversos. Desenvolvido por James Reason, este modelo sugere que as organizações devem implementar e gerenciar múltiplas defesas para evitar que os riscos se transformem em ocorrências.
Essas defesas podem ser divididas em dois grupos principais: as barreiras fixas, que incluem sistemas automáticos de alarme, obstáculos físicos e engenharia de segurança, e as defesas móveis, que dependem de pessoas e procedimentos, como listas de verificação, treinamento e supervisão.
Embora as barreiras organizacionais sirvam como obstáculos para evitar que os perigos se transformem em perdas, elas ainda apresentam falhas, simbolizadas pelos buracos nas fatias do queijo suíço. Essas falhas podem ser de dois tipos: ativas e latentes. As falhas ativas são resultados de erros humanos ou modos inseguros de agir, como violações de normas e lapsos, e têm consequências imediatas. Já as falhas ou condições latentes são condições estruturais do sistema que podem permanecer invisíveis até serem desencadeadas por algum fator externo. Elas geralmente são estruturadas pelo sistemas de engenharia e/ou de gestão.
É fundamental conhecermos este modelo porque, independente da metodologia de IAO que você utiliza (p.ex. árvores de causas, Ishikawa), quando iniciamos o processo de investigação temos que ter a visão sistêmica e estratégica do cenário analisado.
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